Entre o mito e a bricolagem
A relação de Aldo van Eyck e Lina Bo Bardi com outras culturas do mundo
A. Campos Uribe (TU Delft - Building Knowledge)
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Abstract
É sabido que tanto Aldo van Eyck quanto Lina Bo Bardi colecionavam arte e artefatos de origem não europeia, estudavam etnografia e antropologia e viajavam incessantemente pelo mundo. Não resta dúvida de que a atividade que praticavam como colecionadores, fotógrafos, viajantes e pesquisadores influenciou profundamente a forma como pensavam a arquitetura, e é por isso que a análise da contribuição de um e de outro para a área depende inteiramente de um olhar atento e crítico sobre outras culturas, diferentes daquelas às quais pertenciam. Ao referir-se ao expressivo desenvolvimento da arquitetura moderna após a Segunda Guerra Mundial, o teórico Georges Teyssot traça um paralelo entre essas interações e o que ele chama de “virada etnográfica” dos anos 1960, também investigada por Avermaete, Sabatino, entre outros. A virada etnográfica pode ser entendida como uma tentativa de trazer novos ares ao discurso modernista eurocêntrico, supostamente “internacional”, que, na visão da nova geração de arquitetos do pós-guerra, havia levado ao anonimato urbano, à alienação e à falta de coesão social. Arquitetos do pós-guerra como Van Eyck e Bo Bardi defendiam a reavaliação do cânone ocidental, recorrendo a referências não europeias, tanto de edifícios quanto de obras de arte, para realizar seus projetos. Essas referências serviam como inspiração estética, mas também como inspiração poética e filosófica. Com isso, eles buscavam “características humanas elementares”, atributos e valores humanos universais e sua forma de expressão nas diferentes culturas, novos caminhos para o desenvolvimento de um melhor funcionalismo, de uma arquitetura moderna mais rica e inclusiva, que Van Eyck chamou de “Architecture Mondiale” [arquitetura mundial]. […]